Artigo: Fotografia insana e David Fincher X Brutalidade real e Noomi Rapace
23/03/2012 18:56Procurando por um filme de suspense, com cenas chocantes e trama inesperada?
"The Girl With the Dragon Tatoo" e "Män som hatar kvinnor" (a versão sueca do mesmo filme feita três anos antes) são dois exemplos que se encaixam perfeitamente nestes requisitos.
Com tênues diferenças de enredo, a trama de ambas as produções é direta: Um renomado jornalista, Mikael Blomkvist (interpretado por Daniel Craig na versão americana), está passando por complicados problemas judiciais, e para fugir da exposição que está tendo na mídia, aceita trabalhar para o bilionário Henrik Vanger, com a missão de solucionar um caso que perturba o magnata Vanger há décadas: o desaparecimento de sua sobrinha Harriet, 40 anos atrás. Paralelamente, temos Lisbeth Salander (brilhantemente interpretada por Noomi Rapace na versão sueca), uma habilidosa hacker com um violento passado e uma personalidade anti-social quase sociopática, que passa por sua própria, e não pequena, leva de problemas, que começa a ajudar Mikael em sua busca por Harriet.
Apesar das semelhanças, os dois filmes possuem gritantes peculiaridades. A obra do emblemático David Fincher, é dotada de uma sofisticação técnica, uma trilha sonora sinistra, e fotografia do que deveria ser a cinzenta e gelada Suécia, que a própria versão sueca peca em atingir. No entanto, esta última consegue prender de forma muito mais rápida a atenção do público, pelo brutal desenvolvimento da personagem Lisbeth, por meio de fortíssimas cenas e flashbacks de seu passado que ajudam a entender a complicada situação pela qual a jovem se encontra no início do filme. Provando seu talento, Noomi Rapace consegue atribuir à personagem, a frieza e apatia que pode ser detectada na Lisbeth original, a de Stieg Larsson, criador dos três livros da saga Millenium, que deram origem aos filmes.
Não digo, no entanto, que uma obra é superior a outra. Cada uma possui qualidades que a outra é negligente em alcançar, mas, ao mesmo tempo, ambas conseguem manter a veracidade do universo fictício que propõem, e, portanto, se tornam experiências visuais únicas e prazerosas, que não irão te impedir de assistir a outra, por já saber o desenrolar da trama; ao contrário, o elenco e a direção de cada, atribuem ao seu filme características únicas, que contrastam o modo de se fazer cinema norte-americano, do europeu, e que atingem seus objetivos máximos: te deixam de boca aberta e ansiosíssimo para ver suas continuações.
———
Voltar